Gangorra Audiodescrição

A Inteligência artificial no reconhecimento das imagens para pessoas com deficiência visual

Em fundo azul, sobre linhas de circuitos eletrônicos o chip de um processador com as letras AI.

“Todo mundo ganha apenas quando ninguém perde”. Foi a frase que inspirou Hans Jørgen Wiberg, um artesão de móveis dinamarquês cego, a criar o Be My Eyes, uma comunidade global que conecta pessoas com deficiência e voluntários que ajudam em tarefas do cotidiano pela câmera do smartphone.

Em 2015, essa plataforma inovadora surgiu para dispositivos iOS, permitindo uma conexão única entre pessoas com deficiência visual e voluntários com visão através de videochamadas unilaterais. Em 2017, expandiu-se para o sistema Android, alcançando pessoas em todo o mundo. Hoje, em 2023, o Be My Eyes conecta usuários com deficiência visual a quase 7 milhões de voluntários em 150 países e 180 idiomas, tudo de forma gratuita.

Mas o que torna o Be My Eyes ainda mais especial é a sua evolução. Agora, com o Chat GPT-4, foi introduzido um “Voluntário Virtual”, uma inteligência artificial capaz de entender e descrever imagens chamado Be My AI, ainda na sua versão beta.

Sou uma das usuárias cegas recém registradas nesse serviço , e posso afirmar que essa opção é revolucionária. O Voluntário Virtual fornece descrições detalhadas de imagens com certa subjetividade, indo além das diretrizes tradicionais da audiodescrição. Pelo fato de incorporar alguma interpretação e inferência não comuns na AD é que consideramos o texto simplesmente como um gênero descritivo e não uma audiodescrição técnica..

Ainda no mundo das IAs voltadas para a inclusão, sou de uma era em que as imagens do Facebook eram anunciadas por um código numérico, conforme eu já escrevi aqui em outro artigo. Aos poucos fomos informados de quantas pessoas há na imagem e até se há texto integrado à fotografia. Sequer existia o campo para inserir um texto alternativo antes de 2015.

Não posso deixar de mencionar também o Seeing AI, um aplicativo da Microsoft também lançado no mesmo ano de 2017. O Seeing AI utiliza a câmera do smartphone e a IA para identificar pessoas, textos e objetos. Além disso, ele descreve a quantidade de luz, cores, cédulas, reconhece produtos pelo código de barras e até mesmo lê caracteres impressos em documentos. O Seeing AI é uma ferramenta gratuita e disponível somente para plataforma iOS.

Esses aplicativos são uma verdadeira revolução para quem não enxerga. Tanto o Be My Eyes quanto o Seeing AI têm um impacto profundo e positivo na vida de muitas pessoas com deficiência visual, assim como ganhou um espaço cativo no meu universo particular. Eles oferecem autonomia e igualdade nas tarefas diárias, permitindo que todos nós exploremos o mundo com confiança.

Mas enquanto celebramos essas inovações tecnológicas, é importante lembrar que o toque humano é insubstituível. Mesmo com a IA incorporada, a presença de voluntários reais no nosso cotidiano do mundo real ou no digital, representado pelo Be My Eyes, faz uma diferença significativa em situações complexas que exigem precisão e compreensão mais acertiva. Fica aqui o meu convite para que se inspire a se juntar ao time de voluntários no Be My Eyes. Basta baixar o aplicativo na lojinha de aplicativos do seu celular e, de forma intuitiva, registrar-se no sistema.
Venha fazer parte dessa jornada! #Inclusão #Acessibilidade #BeMyEyes #SeeingAI #TransformandoVidas

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Fotografia de perfil Luciane Molina

Luciane Molina, Mestre em educação, especialista em audiodescrição pela PUC-MG. Professora, consultora em audiodescrição e analista em acessibilidade digital. É pessoa com deficiência visual e usufrui de espaços, produtos e serviços acessíveis.

Fotografia de perfil Ju Panissa

Juliana Panissa é Audiodescritora, pós graduanda em Audiodescrição pela Puc Minas. É especialista em Educação Inclusiva e Fotógrafa, apaixonada por imagens.

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Esse recurso vai além de simplesmente descrever o que está acontecendo; ele cria um ambiente inclusivo onde cada espectador pode vivenciar a peça de forma mais completa. Além disso, a presença da audiodescrição enriquece as produções teatrais, tornando-as mais atraentes e acessíveis. Com isso, o teatro se transforma em um espaço democrático e acolhedor para todos os públicos. Leia também: A Audiodescrição em Exposições de Arte Espectáculos com Audiodescrição (AD) A audiodescrição (AD) tem ganhado cada vez mais espaço nos teatros, permitindo que pessoas com deficiência visual desfrutem das emoções do palco. Essa técnica transforma a experiência teatral em algo acessível e inclusivo para todos. Nos espetáculos com AD, um narrador descreve as cenas, expressões faciais e movimentos dos atores enquanto o espetáculo acontece. Isso ajuda a criar uma imagem vívida na mente do espectador. Além disso, essa prática valoriza a arte ao ampliar o público-alvo. 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Para muitos, o contato visual é fundamental na apreciação artística. Contudo, essa experiência pode ser limitada para aqueles que não conseguem ver as imagens nas paredes das galerias. Ao incorporar a audiodescrição, as exposições se tornam mais inclusivas e acessíveis. Imagine ouvir uma narração detalhada enquanto contempla um quadro famoso: cada cor, cada textura e até mesmo o contexto histórico da obra ganham vida através das palavras. Essa abordagem permite que todos mergulhem no universo artístico sem barreiras. Além disso, a audiodescrição não beneficia apenas quem tem deficiência visual. Muitas pessoas videntes também podem encontrar novos significados nas obras por meio dessa narrativa envolvente. Ao descrever elementos sutis ou técnicas utilizadas pelo artista, novas camadas de interpretação surgem. As exposições que adotam essa prática mostram um compromisso com a diversidade e inclusão cultural. 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Isso ajuda a criar uma narrativa envolvente que torna cada visita única e memorável. A audiodescrição transforma a percepção do espectador, ampliando seu entendimento sobre elementos culturais e históricos. Além disso, essa prática valoriza a inclusão ao permitir que pessoas com deficiências visuais tenham acesso à arte de maneira significativa. Ouvindo descrições detalhadas, elas podem imaginar as obras em suas mentes, estimulando sua criatividade e imaginação. Para os videntes, a audiodescrição também traz benefícios inesperados. Muitas vezes, ouvindo alguém descrever uma peça artística com paixão e profundidade, podemos perceber nuances que antes passavam despercebidas aos nossos olhos apressados. Portanto, implementar a audiodescrição nas exposições não é apenas um passo em direção à acessibilidade; é também um convite para explorar novas dimensões da arte. É uma forma de enriquecer o diálogo entre artista e público através das palavras. 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